RESOLUÇÃO CONAMA Nº 033,
de 07 de dezembro de 1994
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das
atribuições que lhe são conferidas pela Lei no. 6.938, de 31
de agosto de 1981, alterada pela Lei no. 8.028, de 12 de abril de
1990, regulamentadas pelo Decreto no. 99.274, de 06 de junho de
1990, e Lei no. 8.746, de 09 de dezembro de 1993, considerando o
disposto na Lei no. 8.490, de 19 de novembro de 1992, e tendo em
vista o disposto em seu Regimento Interno, e
Considerando o disposto no artigo 6º do Decreto 750, de 10 de
fevereiro de 1993;
Considerando o disposto na Resolução do CONAMA nº 010, de
1º de outubro de 1993;
Considerando a necessidade de se definir os estágios
sucessionais das formações vegetais que ocorrem na região de
Mata Atlântica do Rio Grande do Sul, visando viabilizar
critérios, normas e procedimentos para o manejo, utilização
racional e conservação de sua vegetação natural, resolve:
Art. 1º Considera-se vegetação primária a vegetação de
máxima expressão local com grande diversidade biológica, sendo
os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não
afetar significativamente suas características originais de
estrutura e de espécies.
Art. 2º Como vegetação secundária ou em regeneração,
considera-se aquelas formações herbáceas, arbustivas ou
arbóreas decorrentes de processos naturais de sucessão, após
supressão total ou parcial da vegetação original por ações
antrópicas ou causas naturais.
Parágrafo Único. Os estágios sucessionais de regeneração
da vegetação secundária referida no artigo anterior, para
efeito de normatização, referente ao manejo, utilização
racional e conservação da biodiversidade que ocorre na Mata
Atlântica, passam a ser assim definidos:
I - Estágio inicial de regeneração:
- a) vegetação sucessora com fisionomia
herbácea/arbustiva, apresentando altura média da
formação até 03 (três) metros e Diâmetro a a Altura
do Peito (DAP), menor ou igual a 08 (oito) centímetros,
podendo eventualmente apresentar dispersos na formação,
indivíduos de porte arbóreo;
- b) epífitas, quando existentes, são representadas
principalmente por Liquens, Briófitas e Pteridófitas
com baixa diversidade;
- c) trepadeiras, se presentes, são geralmente herbáceas;
- d) serapilheira, quando existente, forma uma camada fina,
pouco decomposta, contínua ou não;
- e) a diversidade biológica é variável, com poucas
espécies arbóreas, podendo apresentar plântulas de
espécies características de outros estágios;
- f) ausência de subosque;
- g) composição florística consiste basicamente de:
- Andropogon bicornis; (rabo-de-burro); Pteridium aquilinum
(samambaias); Rapanea ferrugínea (capororoca);
Baccharias spp. (vassouras); entre outras espécies de
arbustos e arboretas.
II - Estágio médio de regeneração:
- a) vegetação que apresenta fisionomia de porte
arbustivo/arbóreo cuja formação florestal apresenta
altura de até 08 (oito) metros e Diâmetro a Altura do
Peito (DAP) até 15 (quinze) centímetros;
- b) cobertura arbórea variando de aberta a fechada com
ocorrência eventual de indivíduos emergentes;
- c) epífitas ocorrendo em maior número de indivíduos em
relação ao estágio inicial sendo mais intenso na
Floresta Ombrófila;
- d) trepadeiras, quando presentes, são geralmente
lenhosas;
- e) serapilheira presente com espessura variável,
conforme estação do ano e localização;
- f) diversidade biológica significativa;
- g) subosque presente;
- h) composição florística caracterizada pela presença
de:
- Rapanea ferrugínea (capororoca); Baccharis
dracunculifolia, B. articulata e B. discolor (vassouras);
Inga marginata (ingá-feijão); Bauhinia candicans
(pata-de-vaca); Trema micrantha (grandiuva); Mimosa
scabrella (bracatinga); Solanum auriculatum (fumo-bravo).
III - Estágio avançado de regeneração:
- a) vegetação com fisionomia arbórea predominando sobre
os demais estratos, formando um dossel fechado, uniforme,
de grande amplitude diamétrica, apresentando altura
superior a 08 (oito) metros e Diâmetro a Altura do Peito
(DAP) médio, superior a 15 (quinze) centímetros;
- b) espécies emergentes, ocorrendo com diferentes graus
de intensidade;
- c) copas superiores, horizontalmente amplas, sobre os
estratos arbustivos e herbáceos;
- d) epífitas presentes com grande número de espécies,
grande abundância, especialmente na Floresta Ombrófila;
- e) trepadeiras em geral, lenhosas;
- f) serapilheira abundante;
- g) grande diversidade biológica;
- h) florestas neste estágio podem apresentar fisionomia
semelhante a vegetação primária;
- i) subosque, em geral menos expressivo do que no estágio
médio;
- j) a composição florística pode ser caracterizada pela
presença de:
- Cecropia adenopus (embaúba); Hieronyma alchorneoides
(licurana); Nectandra leucothyrsus (canela-branca);
Schinus terebinthifolius; (aroeira vermelha); Cupania
vernalis; (camboatá-vermelho); Ocotea puberula;
(canela-guaicá); Piptocarpha angustifolia;
(vassourão-branco); Parapiptadenia rigida;
(angico-vermelho); Patagonula americana; (guajuvira);
Matayba ealeagnoides; (camboatá-branco); Enterolobium
contortisiliquum; (timbaúva).
Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
publicação, revogadas as disposições em contrário.