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Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2022

13 - O Diplomata Macron


Macron (E) e Volodimir Zelenski (presidente da Ucrânia)

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou nesta terça-feira (08/02) que vê rota a seguir para aliviar as tensões com a Rússia sobre a Ucrânia, mas que o caminho deverá custar meses de conversas.

Ele conversou com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em Kiev, um dia depois de uma reunião de cinco horas no Kremlin com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, enquanto o Ocidente luta para dissipar os temores de que Moscou invada o país vizinho.

O líder francês expressou otimismo após se encontrar com Putin e Zelenski, e disse que agora vê a “possibilidade” de as negociações envolvendo Moscou e Kiev sobre o conflito no leste do país avançarem e para “soluções práticas e concretas” visando diminuir as tensões entre a Rússia e o Ocidente, destacando o papel central do Protocolo de Minsk de 2015, destinado a acabar com a guerra no leste da Ucrânia.

“Não podemos subestimar o momento de tensão que estamos vivendo”, disse o mandatário francês em entrevista coletiva conjunta, após se encontrar com Zelenski. “Não podemos resolver esta crise em poucas horas de conversações. Serão os dias, as semanas e os próximos meses que nos permitirão progredir.”

Conversas em Berlim
Macron – que logo em seguida voou a Berlim para conversar com os líderes da Alemanha e da Polônia – afirmou que Putin lhe disse que a Rússia “não seria a fonte de uma escalada” na situação, apesar de o país reunir mais de 100 mil soldados e equipamentos militares na fronteira da Ucrânia.

Macron anunciou que haverá nova reunião de nível consultivo dos líderes do chamado formato Normandia (Ucrânia, Rússia, França e Alemanha), em Berlim, na quinta-feira, para procurar uma solução para a crise ucraniana. “Este processo deve avançar independentemente das tensões no nosso continente e da pressão militar na fronteira”, defendeu o presidente francês.

Ele sublinhou que Putin e Zelenski confirmaram disponibilidade para cumprir o Protocolo de Minsk, embora na véspera o líder russo tenha acusado Kiev de se recusar a implementá-lo, preferindo negociar diretamente com os separatistas pró-russos. “Esta é a única forma de alcançar uma paz duradoura. Os acordos de Minsk conseguiram parar o derramamento de sangue”, frisou Macron.

Zelenski disse esperar que a reunião em Berlim possa abrir caminho para uma cúpula om o objetivo de reviver o paralisado plano de paz para o conflito entre Kiev e os separatistas apoiados por Moscou.

Putin – que exige amplas garantias de segurança da Otan e dos Estados Unidos – disse após suas conversas com Macron que Moscou “faria tudo para encontrar consensos que satisfaçam a todos”. Ele reconheceu que várias propostas apresentadas por Macron podem “formar uma base para novas medidas” para aliviar a crise na Ucrânia. Entretanto, ele não deu detalhes.

Contrapropostas
Ao mesmo tempo em que envia equipamento militar para as fronteiras da Ucrânia, Putin emitiu exigências que o Ocidente dizem ser inaceitáveis, como a garantia de que Ucrânia não vai ingressar na Otan e a retirada de tropas da aliança da Europa Oriental.

A presidência francesa disse que as contrapropostas de Macron incluem um compromisso de ambos os lados para não realizar nenhuma nova ação militar, o lançamento de um diálogo estratégico e esforços para reviver o processo de paz para o conflito na Ucrânia.Também disse que um acordo garantiria a retirada de cerca de 30 mil soldados russos de Belarus no final dos exercícios militares conjuntos no final deste mês. O Kremlin insistiu que nunca teve a intenção de deixar as tropas permanentemente em território belarusso.

Navios russos no Mar Negro
O Ocidente enfrenta uma difícil tarefa ao tentar convencer um cauteloso Zelenski a aceitar qualquer concessão.

Kiev estabeleceu três “linhas vermelhas” que diz não cruzar para encontrar uma solução: nenhuma concessão sobre a integridade territorial da Ucrânia, nenhuma conversa direta com os separatistas e nenhuma interferência em sua política externa.

Moscou está pressionando a Ucrânia a oferecer concessões aos rebeldes apoiados pela Rússia que lutam contra Kiev desde 2014 num conflito que já custou mais de 13 mil vidas.

A Ucrânia diz que o Kremlin quer usar as duas regiões separatistas do leste como alavanca para manter o país sob o domínio de Moscou.

A Rússia nega que esteja planejando uma invasão – mas os EUA alertam que Moscou reuniu 70% das forças necessárias para uma incursão em larga escala.

Moscou continuou reforçando seus contingentes ao redor da Ucrânia nesta terça-feira, ao anunciar que seis navios de guerra estavam indo para o Mar Negro a partir do Mediterrâneo, como parte de manobras marítimas globais planejadas previamente.

O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, disse à televisão local que Kiev planeja realizar seus próprios exercícios envolvendo mísseis antitanque fornecidos pelo Ocidente e drones de combate turcos em resposta aos exercícios russo-belarussos.

md/av (AFP, Lusa, AP, Reuters)